Delfim Ferreira (1888-1960)

Um visionário, inovador e empreendedor

Delfim Ferreira (1888-1960) nasceu na freguesia de Riba d’Ave, concelho de Vila Nova de Famalicão, filho do grande industrial Narciso Ferreira, que, a partir de uma pequena fábrica manual, construiu o maior empreendimento têxtil que existiu em Portugal na segunda metade do século XIX.

Formou-se na Real e Imperial Escola de Reichenberg e seguiu as pisadas do pai, no têxtil e no setor elétrico. Entre os seus muitos feitos destaca-se, na área têxtil, a fundação da fábrica de “Fiação e Tecidos de Algodão” e da “Empresa Nacional de Sedas” ambas em Arcozelo, Vila Nova de Gaia; a “Fábrica de Fiação e Tecidos de Algodão” de Vila do Conde; e a “Sociedade Industrial de Mindelo” em Mindelo, concelho de Vila do Conde.

No setor elétrico, entre 1918 e 1933, colaborou com o seu pai na criação e desenvolvimento da Companhia Hidro-Elétrica do Varosa que, a partir de 1928, levou a eletricidade aos concelhos de Vila Nova de Famalicão, Santo Tirso, Matosinhos, Gaia e Vila do Conde. Mais tarde, fixou-se na Hidro-Elétrica do Ermal, onde instalou quatro grandes centrais que levaram energia elétrica à cidade do Porto. A junção das elétricas da Varosa e do Ermal deu origem à “Chenop – Companhia Hidro-Elétrica do Norte de Portugal”, que foi nacionalizada em 1975 e integrada no universo EDP – Eletricidade de Portugal no ano seguinte.

Empreendedor e visionário, Delfim Ferreira expandiu ainda os seus negócios por outros setores económicos, como a construção civil, impulsionando todo o Vale do Ave e dando emprego a milhares de trabalhadores. Contribuiu para o desenvolvimento das cidades de Lisboa e do Porto com a construção de um vasto e rico património imobiliário. Em Lisboa ergueu diversos edifícios nas Avenidas António Augusto de Aguiar e Sidónio Pais; no Porto, construiu grandes blocos residenciais na Rua Sá da Bandeira; construiu o Hotel Infante Sagres, o primeiro hotel de 5 estrelas da cidade; e o Palácio do Comércio, imponente edifício na Baixa portuense onde, ainda hoje, está sediada a Predial Ferreira.

Deixou também uma imensa obra de benfeitoria ao construir escolas, creches e hospitais. Sempre que as empresas geravam recursos, Delfim Ferreira investia-o em imobiliário.

As suas grandes capacidades de impulsionar foram reconhecidas pelo Governo, que o convidou para dinamizar projetos de relevância nacional. Foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Mérito Industrial, a Ordem Militar de Cristo, o Grande Oficialato da Ordem de Mérito Industrial e a Medalha de Ouro Municipal de Vila do Conde.

Foi ainda proprietário da Casa de Serralves, atual casa-museu detida pela Fundação de Serralves, onde viveu até morrer, em 1960, altura em que era considerado o homem mais rico de Portugal.